A volta do horário de verão é uma discussão que ressurge a cada ano, especialmente em tempos de preocupações econômicas e energéticas. Com a recente proposta de reinstalação dessa prática no Brasil, muitos especialistas começam a avaliar os impactos que essa mudança pode ter sobre o consumo de energia elétrica e, consequentemente, sobre a economia nacional.
De acordo com uma nota técnica divulgada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a adoção do horário de verão pode não apenas diminuir a demanda por energia elétrica, mas também gerar uma significativa economia nos custos operacionais do Sistema Interligado Nacional (SIN).
O Que é o Horário de Verão?

O horário de verão é uma prática que consiste em adiantar os relógios durante a estação mais quente do ano. A ideia por trás dessa mudança é aproveitar melhor a luz natural do dia, reduzindo a necessidade de iluminação artificial e, assim, diminuindo o consumo de energia elétrica. No Brasil, o horário de verão costuma ser implementado entre outubro e fevereiro, coincidindo com os meses de maior incidência solar.
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Potencial de Economia com a Implementação
Redução da Demanda de Energia
Estudos indicam que a adoção do horário de verão pode levar a uma redução de até 2,9% na demanda máxima de energia elétrica. Essa diminuição é especialmente significativa durante os horários de pico, que geralmente ocorrem entre 18h e 20h. O ONS prevê uma economia próxima a R$ 400 milhões apenas entre os meses de outubro e fevereiro, com base em cenários de operação do SIN.
Impactos no Custo do Combustível
Uma das vantagens mais notáveis do horário de verão é a redução no custo do combustível para usinas térmicas. Segundo a análise do ONS, a economia de combustível pode variar entre R$ 244 milhões a R$ 356 milhões, dependendo das condições hidrológicas. Esses números refletem a importância do horário de verão em tempos de seca, quando o uso de usinas térmicas se torna mais frequente.
Economia Anual em Reserva de Capacidade
Adicionalmente, a economia na contratação de reservas de capacidade é significativa. Em 2021, o leilão de reserva de capacidade resultou em uma economia anual de cerca de R$ 1,8 bilhão. Essa redução nos custos de operação é um argumento forte a favor da reimplementação do horário de verão.
Como o Horário de Verão Afeta o Sistema Elétrico?
Maior Eficiência no Atendimento ao Consumo
A reintrodução do horário de verão pode proporcionar uma maior eficiência do SIN, especialmente em momentos de alta demanda. A prática ajuda a suavizar o crescimento da carga entre os horários críticos, principalmente durante os picos de consumo. Com isso, o sistema elétrico pode operar de forma mais estável e econômica, evitando sobrecargas e apagões.
Impacto em Diferentes Regiões
A eficácia do horário de verão pode variar conforme a região do Brasil. Dados históricos mostram que os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul são os mais beneficiados com essa mudança, apresentando uma melhora significativa na distribuição de energia durante o horário de pico.
Críticas e Desafios

Eficácia em Alguns Horários
Apesar dos benefícios, o ONS também aponta que a adoção do horário de verão não é igualmente eficaz em todos os horários. Embora haja uma redução do consumo em horários específicos, em outras horas do dia, a carga média diária não diminui como esperado. Isso indica que a implementação do horário de verão deve ser cuidadosamente planejada e monitorada para maximizar os benefícios.
Adaptação da População
Outro desafio é a adaptação da população às mudanças nos horários. A alteração no relógio pode impactar a rotina das pessoas, gerando descontentamento e resistência. Por isso, é essencial haver uma comunicação clara sobre os benefícios do horário de verão, a fim de preparar a sociedade para essa transição.
Considerações finais
A volta do horário de verão no Brasil pode representar uma oportunidade de gerar economia e eficiência no consumo de energia elétrica. Com estimativas que apontam para uma redução significativa na demanda, bem como uma economia considerável nos custos operacionais do SIN, a reimplementação dessa prática pode ser um passo importante para melhorar a sustentabilidade do sistema elétrico nacional.
No entanto, é crucial considerar as críticas e desafios associados, garantindo que a transição ocorra de maneira suave e que a população esteja bem informada sobre os benefícios esperados.